Oi pessoal!
Primeiro texto iniciando essa nova era no blog, com arte
nova e novas pautas. Espero muito que vocês gostem.
A resenha de hoje é uma releitura de uma história bem
famosa: “A pequena sereia e o reino das ilusões”, da editora Darkside e escrito
pela Louise O’Neil.
Admito que de primeira comprei o livro pela capa. A edição
da Darkside está como sempre impecável e cheia de detalhes. Enquanto lia, vi
algumas resenhas e percebi uma divisão grande no publico, muitas leitoras de
histórias feministas ficaram decepcionadas e quem esperava um conto de fadas
também. O que deu para perceber é que as que mais gostaram foram as que, como
eu, leram sem pretensão alguma. Eu não esperava que este fosse ser uma grande
lição sobre feminismo e nem que fosse um conto de fadas com príncipe encantado.
Na verdade eu só esperava conhecer uma versão mais moderna da personagem já
conhecia. E foi exatamente o que Louise entregou.
A história mistura o original de Hans Christian Andersen com
a versão encantada da Disney de 1989. A autora criou um reino dos mares, já não
usando Atlântida como referencia, para criar um mundo onde mulheres são para
ser vistas e não ouvidas. Um contexto interessante mostrado ultimamente com
muito mais frequência, como vimos no live-action de Aladdin.
O rei dos mares, pai de Muirgen, que prefere ser chamada de
Gaia como sua mãe escolheu, é um homem rígido, tem ideias machistas sobre o
papel da mulher e ainda por cima é um pedófilo, visto que deseja se casar com
sua esposa quando ela ainda tinha 12 anos.
O contraste com o Rei Tritão é nítido, o rei da animação era
rígido, mas amava as filhas. O rei dos mares do livro não demostra ter amor
pelas filhas, mas pelo poder que exerce sobre elas e está o tempo todo
estimulando a rivalidade e a competição entre elas pelo seu afeto.
Gaia ainda tem que enfrentar um noivo muito mais velho que
abusa dela e a desavença com as irmãs, que a invejam pelo tratamento que recebe
do pai. Mas Gaia é curiosa e deseja respostas sobre aquilo que não conhece, ela
quer saber o que aconteceu com a mãe além do que o pai conta, ela quer saber
como é sentir o sol, a areia.
Quando Gaia se apaixona por um humano, assim como todas as
suas versões anteriores, é então que a história perde um pouco da força que
vinha ganhando com o mistério do que houve com a mãe, quando resume seu desejo de
ir a superfície à ela estar apaixonada. Porque se você prestar realmente
atenção, Gaia quer muito mais, ela deseja fugir do noivo, encontrar a verdade
sobre a mãe e viver.
A bruxa do mar é um caso a parte. Ela é uma Úrsula
melhorada. Nada contra a vilã da Disney, muito pelo contrario, mas acho que ela
poderia ser tão maior do que é no desenho. A bruxa do mar de Gaia tem um
background interessante, ela é uma vilã num mundo controlado por homens onde
ser autentica e pensar diferente é contra as regras. Digam-me, vocês que ainda
não leram, aos seus olhos, o que aparenta ser isso?
Para mim ficou logo claro que, e talvez isso até seja um
spoiler, a bruxa não é a vilã desta história. O que respondeu bem ao meu
questionamento antes de começar a ler: Como fazer um livro feminista cuja vilã
é uma mulher? E a resposta fica bem clara no livro.
O final derradeiro me decepcionou logo de cara, mas acabei
percebendo que era o único final possível e fiquei triste em ver que Gaia
demorou tanto para encontrar sua voz.
Nota: Leia de mente aberta e coração forte (4/5)
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