O tempo corre, o relógio chama

Oi pessoal,

Ando sumida né? Tem me faltado tempo para escrever. É sobre isso que vim falar aqui com vocês, sobre o tempo.

Estou sempre trabalhando a ideia de que não estou em uma corrida. Mas meio que parece que nós, geração Millennial, estamos o tempo todo correndo. Correndo para não deixar nenhum momento passar, para aproveitar cada segundo.

Com a internet no ritmo que está eu sinto inclusive que estamos impacientes. Agora se acelera o vídeo no youtube e se produz conteúdos de segundos. É botão de pular abertura, acelerar os créditos finais e arrastar para passar mais rápido.

Sinto a constante necessidade de parar, respirar, entender o que está acontecendo ao meu redor. Sinto falta do que fica. Porque tudo parece tão efêmero.

Falei aqui para vocês sobre o conceito de Cottagecore e eu sinto que apreciar esse estilo de vida fez com que meu relógio andasse mais devagar.

Com o mundo constantemente acelerado, fica difícil não se sentir numa corrida. Pensar que falta algo em nossa vida.

Quem acompanha o blog sabe. Fico reflexiva perto do meu aniversário. Esse ano em específico, estou mais ainda, acho que por se tratar do final de mais uma década.

Não casei, não me mudei, não virei A bem sucedida na profissão. Eu vivo. Me sinto retardatária da corrida às vezes? Me sinto. Mas nesse ano descobri que mais do que uma lista de coisas a serem cumpridas, a vida deve ser apreciada.

Então eu vejo o vídeo na velocidade normal, eu vejo a abertura da série, eu não pulo mais nenhuma experiência e não perco mais um "momento para respirar".

O tempo continua parecendo que está correndo, mas eu me sinto bem em ser a tartaruga e não a lebre. Vocês se lembram dessa fábula?

O relógio biológico

Falando agora de um relógio que não é tão imaginário assim, uma coisa que tem me incomodado, admito.

Acho que já mencionei isso aqui no blog, mas se não tiver, digo agora. Eu quero ser mãe. Sei que rola essa questão e que no dia das crianças muitas mulheres falaram sobre a decisão de não serem mães e tal.

Acho que é uma decisão válida, ninguém deve fazer algo que não sente que é para si. Só que este não é o meu caso. Eu não quero ser mãe porque a sociedade disse que eu preciso. Eu sempre quis ser, é algo que me faz falta.

A ideia de ser uma mãe mais madura não tinha me passado pela cabeça, mas é o que a vida está proporcionando e o rumo que está me levando.

Nessa questão o mundo é meio injusto com as mulheres. Seja porque escolheu priorizar a carreira antes ou porque não encontrou a pessoa certa. A verdade incontestável é que depois dos 30 a chance de ser mãe é menor.

E a pior parte nem é encarar essa realidade. É se sentir mal em se sentir mal porque ao confessar o medo de não realizar esse sonho, as pessoas parecem não entender. É com boa intenção que te dizem que você tem tempo, que mostram exemplos de pessoas mais velhas que foram mães.

E tudo bem. É uma tentativa de te mostrar que você pode.

Mas no fundo, você sente o relógio fazendo tic tac, tic tac. O coelho branco vai passar a qualquer momento.

Você se lembra da sua mãe fazendo os tratamentos e triste quando não dava certo. O seu medo de ser você ali vai te assombrando e no fundo você se sente sozinha, como se o universo estivesse jogando contra.

Ele não está. É você mesma quem está se preocupando com algo cedo demais. Não há nada demais em ver suas possibilidades, mas não há motivo para se desesperar.

Esqueça o relógio, ele vai badalar quando for a hora. A sua hora. O importante é viver cada segundo, aproveitar os pássaros cantando na janela, não deixar seus medos escurecerem o que pode ser um lindo céu azul.

Aos poucos e devagar a vida vai se ajeitando, no meu tempo. No seu tempo. Qual é ele?