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quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Sugestão de leitura: A pequena sereia e o reino das ilusões


Oi pessoal!

Primeiro texto iniciando essa nova era no blog, com arte nova e novas pautas. Espero muito que vocês gostem.
A resenha de hoje é uma releitura de uma história bem famosa: “A pequena sereia e o reino das ilusões”, da editora Darkside e escrito pela Louise O’Neil.


Admito que de primeira comprei o livro pela capa. A edição da Darkside está como sempre impecável e cheia de detalhes. Enquanto lia, vi algumas resenhas e percebi uma divisão grande no publico, muitas leitoras de histórias feministas ficaram decepcionadas e quem esperava um conto de fadas também. O que deu para perceber é que as que mais gostaram foram as que, como eu, leram sem pretensão alguma. Eu não esperava que este fosse ser uma grande lição sobre feminismo e nem que fosse um conto de fadas com príncipe encantado. Na verdade eu só esperava conhecer uma versão mais moderna da personagem já conhecia. E foi exatamente o que Louise entregou.



A história mistura o original de Hans Christian Andersen com a versão encantada da Disney de 1989. A autora criou um reino dos mares, já não usando Atlântida como referencia, para criar um mundo onde mulheres são para ser vistas e não ouvidas. Um contexto interessante mostrado ultimamente com muito mais frequência, como vimos no live-action de Aladdin.
O rei dos mares, pai de Muirgen, que prefere ser chamada de Gaia como sua mãe escolheu, é um homem rígido, tem ideias machistas sobre o papel da mulher e ainda por cima é um pedófilo, visto que deseja se casar com sua esposa quando ela ainda tinha 12 anos.
O contraste com o Rei Tritão é nítido, o rei da animação era rígido, mas amava as filhas. O rei dos mares do livro não demostra ter amor pelas filhas, mas pelo poder que exerce sobre elas e está o tempo todo estimulando a rivalidade e a competição entre elas pelo seu afeto.
Gaia ainda tem que enfrentar um noivo muito mais velho que abusa dela e a desavença com as irmãs, que a invejam pelo tratamento que recebe do pai. Mas Gaia é curiosa e deseja respostas sobre aquilo que não conhece, ela quer saber o que aconteceu com a mãe além do que o pai conta, ela quer saber como é sentir o sol, a areia.


Quando Gaia se apaixona por um humano, assim como todas as suas versões anteriores, é então que a história perde um pouco da força que vinha ganhando com o mistério do que houve com a mãe, quando resume seu desejo de ir a superfície à ela estar apaixonada. Porque se você prestar realmente atenção, Gaia quer muito mais, ela deseja fugir do noivo, encontrar a verdade sobre a mãe e viver.
A bruxa do mar é um caso a parte. Ela é uma Úrsula melhorada. Nada contra a vilã da Disney, muito pelo contrario, mas acho que ela poderia ser tão maior do que é no desenho. A bruxa do mar de Gaia tem um background interessante, ela é uma vilã num mundo controlado por homens onde ser autentica e pensar diferente é contra as regras. Digam-me, vocês que ainda não leram, aos seus olhos, o que aparenta ser isso?

Para mim ficou logo claro que, e talvez isso até seja um spoiler, a bruxa não é a vilã desta história. O que respondeu bem ao meu questionamento antes de começar a ler: Como fazer um livro feminista cuja vilã é uma mulher? E a resposta fica bem clara no livro.
O final derradeiro me decepcionou logo de cara, mas acabei percebendo que era o único final possível e fiquei triste em ver que Gaia demorou tanto para encontrar sua voz.

Nota: Leia de mente aberta e coração forte (4/5)

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